19/11/2010

#3 LETTER TO YOUR PARENTS

mãe, pai..
ensinaram-me tanto! ensinaram-me a andar, a falar, a comer sozinha, a tomar banho sem ajuda, a andar de patins, a assobiar.. tudo o que sei hoje, é graças a vocês. graças ao vosso trabalho. de novo vou falar na Sofia. aquela por quem vocês choraram há 14 anos. e aquela por quem vocês choram hoje, os 14 anos da sua.. morte. aqui em casa não se fala disso. é um tema proibido. é um tema que traz recordações de médicos, hospitais e coisas más..e talvez tudo aquilo porque vocês passaram com ela, vos tenha feito assim, mais protectores. hoje, agora, só vos tenho de falar do que se tem andado a passar ultimamente. não queria que nada disto fosse assim, não pedi que isto acontecesse. aliás, o que está a acontecer é a coisa que eu sempre desejei que não acontecesse. vocês sabem muito bem do qe estou a falar. sabem que para mim, sempre representaram aquele conto de fadas em que eu acreditava. lembram-se daquele dia, em que fomos os três, ao parque ao pé da antiga casa? era outono. eu tinha aquelas botas castanhas que adorava e o casaco verde, estava a andar de baloiço.. (coisa que ainda hoje, adoro! sentir o vento na cara, percorrer o mundo ali sentada!).. e vocês chamaram-me. "vais ter uma mana".  e a partir daí começaram a mudar as coisas, aos meus quatro anos. mudei de quarto, recebemos um novo membro na família e eu fiquei.. radiante! e aqui estamos nós, quase 10 anos depois. a nossa família, tem um rumo totalmente diferente. todos mudaram. vocês já não são tão descontraídos como eram quando eu e a mafalda eramos pequenas. já não sorriem tanto. já não dão tanta atenção aos pormenores. ás nossas pequenas acções e palavras. preocupam-se mais em argumentar, discutir, falar a berrar.. o que vocês lhe quiserem chamar. só sei que estou aqui, a expôr tudo isto. e que se não fosse tão grave, não o fazia. mas é uma realidade, que me faz querer fugir a sete pés, daqui. mas não posso. porque por mais que fale, seria incapaz de deixar para trás a mafalda, no meio desta vossa 'batalha'. ela não tem culpa nenhuma. eu não tenho culpa nenhuma. mas acabo sempre por levar por tabela. os dias em que não há problemas.. são escassos. por isso fujo para este meu mundo, este meu pequeno e virtual mundo. quero que saibam que independentemente do que aconteça daqui para a frente. eu continuarei a ser sempre aquela criança que vocês viram no parque, naquele outono. amo-vos.

1 comentário:

Tânia disse...

não podia deixar de comentar este texto, pois já há muito que um texto nao me comove tanto.